Ministro alemão soube "com mágoa" da rejeição cipriota
"Soubemos com mágoa dessa decisão (...). Para que haja um plano de resgate, precisamos de uma solução credível para saber como é que o Chipre vai reencontrar um acesso aos mercados financeiros. De momento, o endividamento é muito elevado (...) tem de ser reduzido", afirmou o ministro ao segundo canal da televisão pública ZDF.
Schäuble admitiu que a situação é "grave", mas acrescentou que esta consideração "não deve conduzir a decisões sem sentido". Expressando a sua "compreensão" pelas manifestações em Chipre, sublinhou que estas "não devem conduzir à tomada de decisões irracionais, irresponsáveis".
Manteve a posição da Alemanha, que entende indispensável uma contribuição dos detentores de contas bancárias em Chipre.
"É preciso que os que colocaram o seu dinheiro nos bancos forneçam uma contribuição apropriada", disse, mas quanto à forma desta contribuição, remeteu para os cipriotas a sua definição.
O ministro procurou também tranquilizar os investidores quanto aos riscos de contágio da crise cipriota. "A Zona Euro é bem mais estável" do que nos primeiros meses da crise da dívida.
"Tomámos medidas em todos os países para evitar os riscos de contágio", pormenorizou, julgando designadamente o sistema bancário grego, muito ligado ao de Chipre, "bem mais sólido" do que antes.
O ministro repetiu várias vezes que o Chipre é o "único responsável" dos seus problemas e que devia reformar o sistema bancário, "completamente sobredimensionado" e que "não funciona".
Considerando a reestruturação do sistema bancário como "a única solução", Schäuble disse que competia "aos responsáveis cipriotas explicá-lo ao seu povo".
O parlamento cipriota rejeitou hoje o plano de resgate muito impopular aprovado no sábado com o Eurogrupo, destinado a evitar a bancarrota da ilha.
A imprensa local adianta que o Governo vai procurar renegociar os termos do acordo com a 'troika' (União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) e procurar outras formas de obter os 5,8 mil milhões de euros requeridos como contrapartida a um empréstimo de 10 mil milhões de euros na Zona euro e do FMI.
Entre as opções, estão a emissão de obrigações, a reestruturação dos bancos e a atração de investidores russos, ainda segundo a imprensa cipriota.